Aproximamo-nos de dois dias emblemáticos que este ano, por coincidência acontecem em dias muito próximos na nossa agenda. Falamos nada mais nada menos do que o Dia dos Namorados e o Carnaval. Uns adoram e vivem estas datas plenamente e cheios da emoção que as datas pedem, outros nem ligam. As duas vivências são válidas! Aquilo que vos convido a pensar é sobre o sentir, sobre toda a panóplia de emoções e sentimentos que cabem dentro de nós e que muitas vezes, empurrados pela rapidez do tempo e das exigências do dia-a-dia mascaramos de baixo do “está tudo bem”.
A luta pela liberdade durou vários anos, mas é ainda uma realidade, a luta por podermos sentir, simplesmente isso… E mais até, podermos exprimir-nos sem que isso fira a liberdade do outro, que muitas vezes rapidamente nos arruma demasiado facilmente no “estás com os azeites”, ou no célebre “estás de mau humor”.
Vamo-nos desafiar a nós mesmos a permitirmo-nos sentir, mesmo as emoções mais desagradáveis, que doem e nos fazem querer escondermo-nos debaixo das mantas e ficar lá para “sempre”. Sentir sem culpas, aceitar que temos dias (aliás momentos) diferentes e que cada um deles desperta em nós reações emocionais diferentes. Aceitarmos que temos dias cinzentos e de tempestades internas que, às vezes, nem percebemos de onde vêm e nos apanham desprevenidos. Sentir, em toda a sua plenitude é saudável, esconder os sentimentos num cantinho da mente como se não existissem é que poderá, a longo prazo, ser problemático. Podemos até colocar o nosso melhor disfarce e ser mestres na arte de ignorar, mas os sentimentos estão lá e vão crescendo e acumulando até que se tornem maior que nós.
Agora vamos tornar este desafio um pouco mais exigente…. Vamos procurar ouvir-nos, procurar compreender-nos (mesmo que a compreensão de hoje seja apenas que não percebemos nada e nos sentimos perdidos, isso também é válido sabem?). Esse é o primeiro passo para que possamos aceitar, gradualmente, que também os outros sentem! E muito e muitas coisas! Além disso, somos muito mais do que aquilo que sentimos, ninguém é “mal-humorado” só porque num dia está de mau humor porque…. podem ser tantos os motivos para acordarmos mal-humorados, não é?
Muitas vezes o melhor que podemos dar aos outros é o espaço e a compreensão necessária para que à pergunta rápida do “Olá, tudo bem?”, a pessoa responda de forma sincera, sentindo-se aceite e não julgada.
Este ano (aliás, já desde o ano passado) estamos a viver tudo de maneira diferente e a tentar das formas mais criativas manter-nos na nossa normalidade (seja lá o que isso for para cada um), então vamos viver este Dia dos Namorados plenos de sentimentos, sozinhos ou a par, isso não é o mais importante. E vamos viver este Carnaval com fatos engraçados e em video-chamadas ou no sofá a ver televisão, como nos fizer mais sentido, mas vamos mascarar tudo menos as nossas emoções. Combinado?